Quando éramos pequeninos o nosso Pai dizia-nos que era dono do circo Chen. E nós acreditávamos. Quando passávamos pelos cartazes espalhados por Lisboa a anunciar a chegada do circo, ele dizia: "vêm, mandei colar ali aqueles cartazes!", ou "aquele cartaz está torto, fizeram isto tudo mal!", e nós delirávamos! Que criança é que não acharia o máximo ter um pai dono de um circo?!
Quando lá íamos, ele dava ordens aos artistas, falava com eles, e inventava histórias e nomes para todos... (deviam achar que ele era louco!)
O nosso Pai trabalhava nas C. T., e era dono do circo Chen. Pronto. Quem questionasse isso era parvo.
É nesta inocência que quero que os meus filhos cresçam. A ouvir histórias, e a achar os pais os melhores do mundo! A acreditar nas coisas, simplesmente porque "é assim porque a minha Mãe disse que era", ou "o meu Pai é o maior, ganha tudo e sabe tudo!"
Porque, sinceramente, olhando para trás, não me consigo lembrar quando perdi essa inocência. Não foi nenhum choque descobrir que o meu pai não era dono do circo Chen coisíssima nenhuma, e não tenho trauma nenhum. Pronto.
(em contrapartida a minha Mãe aproveitava-se da nossa inocência e quando refilávamos porque os ovos eram mexidos e queríamos estrelados, ela dizia: "não havia estrelados no supermercado, só mexidos!")
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário